quinta-feira, 31 de março de 2011

Conversas de divã

Mulher ao espelho, Picasso - 1932

- Quem é você?
- Sou um monte de coisas ...
- Reais ou irreais?
- O que é real?
- O que é irreal?
- Você é irreal ...
- Então você é a distorção do irreal.
- Não há distorções, oras.
- Não? Por que, então, busca encontrar-se aqui?
- Quem disse que eu busco?
- Busca tanto que se perde constantemente ...
Apertou os olhos como quem esmaga o indizível e a largos passos duros balbuciou:
- Espelho besta.

Trégua dos "i's"

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 Nessas minhas noites
intermináveis de insônia é inevitável não lembrar você ... lembrança insone.
Trégua?

Sobre janelas e liquidificadores

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- Detesto quando você fica olhando pela janela ...
- Eu também.
- Sai daí!
- Não posso ... tô moída por dentro.
- Por que?
- Pelo que vejo ...
- Onde?
- Por aqui ... através da janela.
Desconfiado,  atreve-se a olhar:
- Não tem nada.
- Pois é - disse ela em meio a processos de liquidificador.