terça-feira, 25 de setembro de 2012

Village Café - sapos



O refluxo é culpa de todos sapos que a gente engole.
E, olha, a quantidade é assustadora ...

Sobre esfumaçar



Eu tenho uma doença do desespero: o exaspero por escrever quando estou escrevendo para dentro.

Tudo que contagia a minha emoção vira do avesso para dentro de mim ... e aí fico assim, espartana, colérica por uma única palavra solta no Universo que comova, acalente ou apenas exista.

Do mais, passo bem ... fico esfumaçando nuances entre o cinza e o preto e branco.

É assim.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Lobato, querem a tua cabeça!

"É ridículo o que estão tentando fazer com Monteiro Lobato." Leia a coluna de Hélio Schwartsman, "Analfabetismo histórico": http://folha.com/no1155398
(Foto: Charge publicada em 12 de setembro de 2012)


Tudo é uma questão de intenção e interpretação ... para quem fica caçando agulha no palheiro, com certeza achará inúmeras expressões que podem remeter ao racismo. Seria muito sensato considerar a época em que a obra de Lobato foi escrita e os exageros radicalistas de grupos que defendem uma sociedade mais igualitária mas exigem cotas raciais nas universidades públicas ...

Contradição pouca é bobagem ...

Talvez nossas crianças necessitem muito mais do lúdico que Lobato oferece do que discursos equivocados de direitos humanos.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

As coelhadas de um certo Coelho

Não queria mesmo perder tempo com essa matéria, mas digamos que a mesma despertou a espartana que há em mim ... como é que alguém tem tamanha pretensão em se auto-intitular como "o intelectual mais importante do país"?

Que país, caro Paul
o Coelho???? Sim, porque você só está aqui no Brasil de passagem ...

Ei!!! Você nunca leu Milton Santos ou talvez Osman Lins, não?  Falecidos, eu sei, mas a obra perpetua ...

E Antônio Cândido, caro senhor? Ah, e até mesmo Fernando Henrique Cardoso???

Se atualiza, cara ... Deveria ter aprendido algo na época em que andava com Raul Seixas, ou ter se inspirado na obra de Renato Russo ...

Ainda dá tempo, manolo ... acorda pra vida!!!!

Pretensão pouca é bobagem ...

domingo, 16 de setembro de 2012

Sobre Liberdade

A resistência (trecho), por Ernesto Sabato

O pior é a velocidade vertiginosa.

Nessa vertigem, nada frutifica nem floresce. E o medo é próprio dela: o homem adquire um comportamento de autômato, deixa de ser responsável, deixa de ser livre
e de reconhecer os outros.

Sinto um aperto no coração ao ver a humanidade nesse vertiginoso trem em que avançamos, ignorantes e temerosos, sem conhecermos a bandeira desta luta, sem tê-la escolhido.

O clima de Buenos Aires mudou. Nas ruas, homens e mulheres apressados avançavam sem se olhar, preocupados em cumprir horários que ameaçam sua humanidade. Não há mais lugar para aquelas conversas de café que foram um traço distintivo desta cidade, quando a ferocidade e a violência ainda não a haviam transformado numa megalópole ensandecida. Quando as mães ainda podiam levar os filhos às praças ou visitar seus velhos. Alguma coisa pode florescer a tal velocidade? Uma das supostas metas dessa correria é a produtividade, mas quem diz que seus produtos são verdadeiros frutos?

* * *

É impossível o homem permanecer humano a essa velocidade; vivendo como autômato, será aniquilado. A serenidade, uma certa lentidão, é tão indissociável da vida do homem quanto a sucessão das estações para as plantas ou para o nascimento dos bebês.

Estamos a caminho, mas não caminhando, estamos a bordo de um veículo sobre o qual nos movemos sem parar, como uma grande jangada, ou como essas cidades orbitais que dizem que haverá no futuro. Já nada se move a passo de homem. Por acaso algum de nós ainda caminha lentamente? Mas a vertigem da velocidade não está somente fora, nós já a assimilamos à mente que não pára de emitir imagens, como se também ela fizesse zapping; e talvez a aceleração tenha chegado ao coração, que já pulsa em ritmo de urgência para que tudo se passe rápido e não permaneça. Este destino comum é a grande oportunidade, mas quem se atreve a saltar fora? Tampouco sabemos mais rezar, porque perdemos o silêncio e também o grito.

Na vertigem da velocidade, tudo é temível e o diálogo entre as pessoas desaparece. O que dizemos uns aos outros são mais números do que palavras, contém mais informação do que novidade. A perda do diálogo sufoca o compromisso que nasce entre as pessoas e que pode fazer do próprio medo um dinamismo capaz de vencê-lo e dar a elas maior liberdade. O problema mais grave, porém é que nesta civilização doente não há apenas exploração e miséria, mas também uma correlativa miséria espiritual. A grande maioria não quer a liberdade, tem medo dela. O medo é um sintoma do nosso tempo. A tal ponto que, raspando um pouco o verniz, é fácil perceber o pânico que subjaz nas pessoas que perseguem as exigências do trabalho nas grandes cidades. A exigência é de tal ordem que se vive automaticamente, sem que os atos sejam precedidos de um sim ou um não.

A maioria da humanidade é empregada de um poder abstrato. Há empregados que ganham mais, e outros que ganham menos. Mas quem é o homem livre que toma as decisões? Essa é uma pergunta radical que todos temos de nos fazer até escutar, na alma, a responsabilidade a que somos chamados.

Acredito que é preciso resistir: esse tem sido meu lema. Hoje, contudo, muitas vezes me pergunto como encarnar essa palavra. Antes, quando a vida era menos dura, eu teria entendido por resistência um ato heroico, como negar-se a continuar sobre este trem que nos leva à loucura e ao infortúnio. Mas pode-se pedir às pessoas tomadas pela vertigem que se rebelem? Pode-se pedir aos homens e às mulheres do meu país que se neguem a pertencer a esse capitalismo selvagem, quando eles têm de sustentar os filhos e os pais? Se eles carregam tal responsabilidade, como poderiam abandonar essa vida?

A situação mudou tanto, que devemos reavaliar com muita atenção o que entendemos por resistência. Não posso lhes dar uma resposta. Se eu a tivesse, sairia por aí como o Exército da Salvação, ou como esses crentes delirantes ― quem sabe os únicos que realmente acreditam no testemunho ―, proclamando-a pelas esquinas, com a urgência que nos deveriam dar os poucos metros que nos separam da catástrofe. Mas não. Intuo que é algo menos formidável, mais modesto, algo como a fé num milagre, o que quero transmitir a vocês nesta varta. Algo condizente com a noite em que vivemos, não mais do que uma vela, algo que nos ajude a esperar.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Sobre Amor

Um ano ...

Aos olhos dos homens, apenas 365 dias.

Aos meus olhos, um universo inteiro de emoções que não ouso explicar porque minha pequenez não alcança.

Tudo que sei é que quando se é verdadeiro, quando o que importa é o sonho, a eternidade é o fim de todas as coisas.