quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Cora Coralina

diariodonordeste.globo.com


Começo de ano letivo, planejamento fervilhando e surge, então, a difícil tarefa de definir o que é lecionar e aprender nos dias de hoje. A resposta veio instantaneamente, mas parou na ponta da língua.

Para quem não convive a realidade de uma escola, seja como aluno, professor, gestão escolar e demais colaboradores, parece uma pergunta simplória, de senso comum. Porém, para quem vivencia o ambiente escolar, esta pergunta é, no mínimo, complexa.

Escola passou a ser sinônimo de dificuldade, adversidade. Grande parcela do alunado a frequenta por inúmeros motivos, menos o de estudar. Muitos professores, também, lecionam por falta de opções, ou até mesmo para completar o quadro financeiro familiar. Isto é fato e não é segredo a ninguém e, para os mais tradicionais, o caos personificado. Vale ressaltar que não me refiro à totalidade, mas sim à partes distintas.

Um verdadeiro paradoxo ... talvez aí a dificuldade em executar tal tarefa. Percebi, então, que não é possível responder com exatidão à esta pergunta porque as definições dos termos lecionaraprender ultrapassam os significados metalinguísticos e partem da experiência individual de cada elemento que compõe o quadro escolar; experiência esta, muitas vezes conflituosa, dolorosa, ou extraordinária, confortante e assertiva.

Entretanto, partindo da minha experiência, respondo com segurança que não posso distinguir uma coisa da outra. A cada dia que entro em uma sala de aula, lecionar e aprender parecem-me sinônimos. Confesso que tenho dificuldade em separar um termo do outro, porque lecionar é trabalho de formiguinha, a conquista diária de um olhar, de um sorriso, de uma chance e a credibilidade ao próximo; e aprender é agregar vivências e valorizar o ser humano no mínimo ou no máximo que ele pode nos oferecer. Se não são iguais, são minimamente diferentes.

Cora Coralina, como boa pastora de essências, disse: “Feliz é aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina”. Eu, como apaixonada pelo enigma do “ato de ser” do ser humano, agradeço por ela ter existido e digo: feliz de mim que não consigo resolver este enigma.



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